Coronavírus – Considerações e desafios

Deus pode proteger-nos das doenças. Contudo, colocar-se em perigo de maneira negligente é desafiar Deus inadequadamente.

Uma chamada para oração comum, com ação comum

Como Aliança Evangélica, convidamos os cristãos à oração comum e à ação ponderada. A epidemia do coronavírus está a manter o mundo em suspense. Os cristãos podem, e devem trazer esperança através de ajuda ativa e ação cooperativa, especialmente em situações de crise.

Uma situação desafiadora para muitos

Atualmente, o desafio não é apenas para aqueles que sofrem os efeitos desta nova estirpe do coronavírus, mas também para os seus familiares. Os profissionais de saúde lidam com uma pressão adicional enorme, os políticos devem tomar decisões difíceis e aqueles em posições de responsabilidade na economia devem encontrar maneiras de manter as suas empresas a laborar nestas condições difíceis. Nesta crise, somos chamados a orar e até jejuar por todos aqueles que são de alguma forma afetados. Que Deus transforme este tempo de crise num tempo de bênção.

Ao mesmo tempo, precisamos tomar todas as precauções para impedir a propagação do vírus. Isto pode incluir a adaptação da forma de adoração ou da Ceia do Senhor. Tais precauções e responsabilidade no agir não são, de forma alguma, sinais de descrença, mas antes de uma expressão de amor e confiança em Deus. Por um lado, protegemos outras pessoas. Por outro lado, como cristãos, podemos agir com a convicção de que Deus quer fazer a Sua obra salvadora através de nós neste mundo, incluindo a utilização de medidas médicas, tecnológicas ou organizacionais. O desenvolvimento da medicina tem sido decisivamente influenciado pelos cristãos. Estes nunca viram a oração em desacordo ou em contradição com as suas ações.

Deus pode proteger-nos das doenças. Contudo, colocar-se em perigo de maneira negligente é desafiar Deus inadequadamente.

Vivemos num mundo caído e vemos, em primeira mão, que nem tudo ainda está na ordem divina. Ao mesmo tempo, aqui e agora, confiamos na ação restauradora de Deus. Esta tensão não deve ser resolvida como se fosse uma fatalidade (“Nós não podemos fazer nada de qualquer modo” ou “Nada nos pode acontecer se crermos”) ou uma ilusão arrogante (“Resolveremos esta crise nós mesmo”). Vamos fazê-lo como Lutero sugeriu: vamos orar como se todo o nosso trabalho não tivesse utilidade, e trabalhemos como se toda a oração não tivesse utilidade. E não esqueçamos nas nossas orações as muitas pessoas no mundo, os conflitos e tragédias que não são notícias de abertura dos telejornais ou primeiras páginas.

O envenenamento da vida social

Qualquer pessoa que tussa em público é olhada rapidamente com um olhar crítico. Pessoas de origem asiática experimentam rejeição aberta. Tempos de crise despertam simpatia e solidariedade, mas também egoísmo e crueldade. O diretor da Escola Científica Volta em Milão, Domenico Squillace, escreve que o maior perigo não é o vírus, mas o envenenamento da vida social e das relações humanas. Já era assim em épocas de peste, diz Squillace: os estrangeiros são repentinamente perigosos, as medidas das autoridades são duvidosas, os especialistas são desprezados, os portadores de doenças são caçados; os rumores espalharam-se mais rápido que o vírus, os remédios mais loucos são anunciados e os alimentos açambarcados. Quando o medo se torna desenfreado, as pessoas tornam-se animais selvagens.

Nós, cristãos, não nos devemos deixar levar por esse turbilhão. A fé é um recurso fantástico para criar uma coexistência bem-sucedida, mesmo em tempos difíceis. Em Jesus Cristo, encontramos fé, amor e esperança. E, confiando em Deus, temos força e serenidade para nos voltarmos para o próximo de uma maneira especial – sobretudo para as pessoas sozinhas e doentes – e este é o tempo.

Como lidar com os regulamentos governamentais

Não gostamos nada que o Estado/Governo interfira nos assuntos da igreja. Especialmente quando, no passado, o Estado interveio abusivamente na vida de fé. Temos tantas vezes emoções negativas em relação às diretivas das autoridades de saúde pública, o que é bastante compreensível. Não devemos esquecer que Paulo disse à igreja em Roma (Rom13: 1-7) para se submeterem às autoridades, pois elas são agentes de Deus. Paulo ordenou isto, ainda que conhecendo o sistema despótico do imperador Nero. Na nossa nação, país democrático, deve ser mais fácil para nós cumprir o pedido de Paulo. Paulo estava preocupado com a imagem pública do então jovem movimento cristão. Com ponderação, e ação amistosa, também hoje podemos dar o exemplo da credibilidade do evangelho.

Deste modo, podemos ver bênçãos surgirem ao sermos desafiados. “Corona” significa “coroa”. Vivamos na certeza e esperança de que não é a doença que reina sobre nós, mas sim Cristo.

Autor: Andi Bachmann-Roth, Aliança Evangélica Suíça

Fonte: aliancaevangelica.pt

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